CES/PE realiza retomada de Reuniões Ordinárias e debate sobre transplante de órgãos e tecidos em Pernambuco

O Conselho Estadual de Saúde de Pernambuco (CES/PE) retomou, nesta quarta-feira (09/09), as Reuniões Ordinárias do CES/PE na modalidade online por Webconferência. No Pleno de setembro esteve em pauta o Fortalecimento do processo de Transplante de Órgãos e Tecidos. A exposição do tema foi realizada pela  coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CET-PE), Noemy Gomes.

Durante a exposição foram apresentados dados sobre a evolução anual de procedimentos.  Em 2019, Pernambuco ocupou primeiro lugar entre os estados do Norte e Nordeste, no número de transplantes de coração, rim, pâncreas e medula óssea.  Agora em 2020, no período de janeiro a julho, em comparação ao mesmo período de 2019, observa-se  uma redução de 51,6%  no número de transplantes devido aos impactos do Coronavírus.  Atuação da Central de Transplantes na pandemia conta com protocolos sanitários específicos para evitar a transmissão do vírus. Em casos de morte encefálica, a doação só é liberada mediante teste Swab negativo para Covid-19 acompanhado de questionário social e epidemiológico.

Segundo a coordenadora do CET-PE, com a chegada dessa pandemia há inúmeros desafios para fortalecer a política de doação. “Estamos buscando parceria com a central de transplantes de Santa Catarina no sentindo de reformular o modelo de busca pelo doador, fazendo com que cada vez mais os hospitais tenham equipes internas pra fazer essa busca. Outro ponto muito importante para fortalecimento do processo de transplantes é o investimento em educação permanente, e através de parceria inédita com a ESPPE estamos realizando uma formação em EAD, que visa capacitar o profissional para  avaliar o potencial doador”, afirmou Noemy.

Na discussão do tema, a Conselheira Veridiana Ribeiro (segmento trabalhador – SINFARPE) trouxe a importância da garantia da medicação para o paciente transplantado. “Falar de transplante obrigatoriamente é falar de medicamento. A gente tem um problema sério no estado que é a falta de medicamento, e o paciente que se submente a esse procedimento e não faz uso do medicamento corre o risco de perder o enxerto. Transplante salva vidas, melhora a qualidade de vida do transplantado. A gente precisa ter um número de transplantes por ano, mas é fundamental que a questão do medicamento acompanhe esse número”, ressaltou. 

O Conselheiro Laucine de Sá (segmento usuário – Distrito Sanitário Especial Indígena de Pernambuco) enfatizou a importância do trabalho realizado pela Central de transplantes e destacou a questão logística para aquisição de medicamentos para transplantados. “É preciso levar em consideração a vida que o transplantado vive, a espera pelo medicamento, o estado físico e as condições de saúde do paciente. Principalmente para pacientes que estão em áreas distantes, a exemplo do território indígena Truka que fica à quase 500 km do Recife e a mais de 200 km de Petrolina”.

Ainda nesta reunião, o Colegiado do CES /PE trouxe para o debate a necessidade da retomada dos atendimentos ambulatoriais. De acordo com os Conselheiros Cândido da Silva (segmento usuário – Gestos) e Maria Evan Gomes (segmento trabalhador – SINFARPE) existe uma grande dificuldade de pacientes que são encaminhados para uma remarcação e não se tem atendimento ambulatorial aberto.

Para o conselheiro Pedro Miguel (segmento gestor/prestador – FIOCRUZ-PE), a pandemia nos obriga a pensar como as atividades gerais do Sistema Único de Saúde (SUS) poderão voltar. “Segundo dados do IBGE, o Brasil tem 70% da sua população dependendo do SUS. É importante a gente não esquecer que as pessoas não só adoecem e morrem de Covid, mas que fundamentalmente a Covid é a doença que mais mata e que mais adoece as pessoas. A gente vai ter que lidar com uma série de desafios e identificar por onde o SUS vai começar a retomar suas ações, mantendo as questões dirigidas da pandemia, mas tentando trazer de volta aquelas atividades essenciais”, defendeu.

De acordo com conselheiro Humberto Antunes (segmento Gestor – SES-PE) e secretário-executivo de Gestão Estratégica e Participativa da SES-PE, a Secretaria Estadual de Saúde já está analisando a execução e planejamento do fluxo organizacional, da assistência e fluxo regulatório para realizar a essa retomada das atividades assistenciais da SES através de sua rede própria, como também na sua rede contratada e contando com a articulação com a rede municipal.